UM ENSAIO SOBRE MEDIANEIRAS
“É o segundo homem que determina se a criação do primeiro será levada adiante ou destruída." BACON, Edmund. 1967
1. DO VAZIO
Partindo do pressuposto de que a cidade é o resultado direto da sobreposição espaço-temporal de edificações, toda intervenção arquitetônica deve buscar uma relação de respeito e atenção a toda pré-existência. É essa a relação que propomos. O terreno disponível para a expansão da Sede do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul se apresenta como um vazio entre muros, um hiato entre edificações que prejudica a continuidade das ruas onde se insere.
Se, na Av. Érico Veríssimo, o vazio possui apenas 2 pavimentos - entre a base do SENGE e o pavilhão lindeiro -, na R. Visconde do Herval o intervalo assume proporção considerável, com empenas cegas de aproximadamente vinte metros em cada uma de suas faces; um cânion entre duas edificações. O trabalho do arquiteto, na dupla condição de usuário e projetista, reside, portanto, na identificação, interpretação e proposição de oportunidades como a apresentada neste trabalho.
2. DA INTERVENÇÃO
São realizadas três operações para conceber a edificação: A. Preenchimento: Os hiatos nas duas fachadas do terreno apontam para a necessidade de completamento de silhuetas, tomando as edificações vizinhas como gabarito volumétrico.
B. Definição de Limites: Por se tratar de um anexo a edificação já existente, torna-se necessária a diferenciação entre as duas divisas. Junto as edificações vizinhas são locados programas fixos, como circulações e instalações, enquanto a divisa com a Sede atual do SENGE é mantida de modo a permitir a eventual ligação entre os blocos.
C. Conexão: Ao locar todo programa fixo na divisa com os lotes lindeiros, oportuniza-se a conexão franca com a pré-existência. Para garantir a existência de uma verdadeira galeria, eleva-se o programa sobre pilotis, gerando uma nova oportunidade de percurso que se apresenta na forma de uma praça pública e coberta, catalisando a troca e potencializando o encontro.